domingo, 4 de abril de 2010

Como é que se diz "eu te amo"?

Falo de amor... na forma como te olho procurando afago
Como te olho é o termômetro de minha saudável sujeição tua
de meu insano agrado na compenetrada pálpebra nua
com que me concede a palavra muda mais rica de significado
Diz-me que ama, não por me ter em tua ludibriante trajetória castanha
Diz-me que ama, no afago em que teu corpo sincronicamente se transforma
na dança em que teus músculos me permitem
e em que eu me permito ser amado como a quem se conforta
Amar é um mal necessário...
e falo de amor adentrando nas eternas instâncias de teu fado
nas constantes lembranças minhas de teu sorriso farto
quando me olhas ao acreditar ter-me profundamente...
e tens
Falar de amor agora me faria arquitetar palavras novas
uma vez que esse “tal amor”, perante o que guardo pra ti, és uma brisa perdida apenas
Falar de amor nunca fora antes tão indescritível, quase impraticável
Ainda mais porque vejo esse meu sentimento como aquilo que pressinto ser maior que qualquer amor existente

sexta-feira, 12 de março de 2010

Além físico

O fio que me conduz ao estreito cômodo do consciente
É o que me rasga na perpetuação do encadeamento pensante.
É o que me desatola do entediante estado sarcástico
E me injeta no sádico e tragicômico espírito humano e desumano.
Estou diante da minha querida barreira existencial:
De um lado as terras sombrias do que me faz ser eu em estado cônscio,
Movido pelos princípios e os esforços cognitivos,
Instigado pelos pulsantes e súbitos desvios de caráter,
Incitado por meia dúzia de sentimentos que encontram outros nomes uns nos outros.
Do outro lado a ponte trêmula e inacabada que me tem em seus olhos
E que encerra num abismo sem fim ocular e imaginável,
Tomado este pelo orgasmo das cores na exatidão das dúvidas que evidencia a existência
Numa antítese em que o significado abitola e limita o referente da essência,
E que esconde nesse mesmo abismo os paradoxos que rematam o espírito
Ansioso para lapidar-se nas profundezas corporais onde se encontra ainda
Avelhantado, enigmático e sonolento.
O fio que me conduz às margens do inalcançável
É o dicotômico extasie do universo das idéias para com minha pseudo- realidade.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Versos maldizentes

Quero escrever-me visão anacoluto em teus frágeis botões de rosas.
Fazer-me voz latente por entre teu soprar prófugo de arrepio.
Ser-te súbitos encontros e desencontros de juízo.
Parecer-te algoz das ilusões resguardadas pelo não senso que proferiste a partir da minha clarividência.
Quero ser do teu sorriso os mesmos músculos que desenham tua tristeza,
A avareza dos teus motivos cômicos,
Do encanto côncavo reluzente em teus lábios agora embeiçáveis.
Quero deslizar por teu físico desespero eloqüente,
Perpetuando o doce encalço das lembranças curadas,
Que livres regozijam-se nas angústias mordazes de tua consciência cretina.

Sorrisos de Emiliana

De todos os sorrisos, os teus não me permitem lembrar dos outros quantos...
Esqueço os meus olhos por onde seguem...
Construo passos com os lábios, e sonho sabores.
É a tua boca a minha fantasia
E o dilema por serem dois lábios os quais devo amar.
De todos os sorrisos, apenas os teus são meus,
Vivos e sentimentais e conquistadores...
Senhoris da afoiteza cômoda do teu caráter.
Pensam por ti e amam também,
E concluem teus gaguejados involuntários regidos na e pela profundeza do espírito.
Pensam por conta própria...
Amam por exatidão...
E me presumem a amá-los...como a ti.

"Malamorvolência"

O sol mantém sua expressão enfastiada, um momento que eu denominaria o entrecruzar dos espíritos, dos destinos, das idéias, das nossas vagas concepções desprezíveis nascidas nas sensações das angústias, quando nos permitimos entregarmos à morbidez da diversidade dos nossos medos mais inexplicáveis. Chocamo-nos num eclipse descomunal, onde os olhos são detalhes inúteis aponto de só deturparem os episódios descoloridos que se concretizam mordazes, como a alma imbecíl deste que os fala. O sol se esconde por entre nuvens cinzas, permitindo que toda e qualquer imagem se torne tão patética quanto aquele velho parecer de acreditar sempre em uma saída na complexidade dos desesperos, das encruzilhadas do dia-a-dia. Somos patéticos em circunstâncias incontáveis, quando, por exemplo, encontramos alguém que pouco nos faz falta ou que nos faz falta em demasia, utilizando gestos, palavras, sentimentos transbordáveis e pueris. A natureza transforma o “astro rei” num ridículo pierrô, a mercê da mão escrota e da inteligência sarcástica do seu idealizador literato...não existe ninguém desprovido de indefesa, os bons e os maus se auto confundem na monstruosidade dos corações corruptos. Quanto a mim, digamos que sofro de uma doença chamada “malamorvolência”, que me causa repúdio a cada amanhecer e náuseas perante a felicidade alheia e compartilhável. Acho que não fui tão claro nem coeso, meu pesar de agora brota da ausência incômoda, ao mesmo tempo em que estável, de quem vivo a desferir platonicidade exacerbada. Apenas acordei com uma terrível saudade a descambar meu íntimo... É excêntrico como o amor desfalece cada nova ingenuidade compadecida das lembranças dos ternos sorrisos do sol que clareia meu caminho, minha essência... meu coração.

Doce Fel

Doce Emiliana, o desejo de falar-te é instância involuntária.
Minha existência acalanta-se ao desferir-te palavras
Que deveras exprimam sentimentos meus incontestáveis,
Contemplados na luz emanada do teu primeiro olhar quando de encontro ao meu.
Tens a fórmula divina da regeneração humana
Na singularidade dos teus ingênuos e afetuosos sorrisos,
Que me valeram o inacreditável alçar dos desiludidos
Rumo ao sublime fardo dos que precisam consumir os dualismos da vida:
O de amar e sofrer;
O de sofrer para amar.
Amo o despertar das nossas lembranças pueris na plenitude dos dias;
Amo o silêncio a espreitar minhas sensações no instante dos meus pensamentos compendiados a ti;
Amo ensandecer-me com a consciência de que tua ausência em certos momentos é inevitável;
Amo repetir o teu nome despercebidamente;
Amo sorrir de uma felicidade palpável e não ilusória;
Amo teu nome e o faço divindade;
Amo acreditar que está sanha para que eu sinta a dor física deste coração despedaçado;
Amo tua timidez rompida pela veemência do instinto, do desejo, do sentimento...
Amo-te como uma necessidade constante para meu bucólico existir...
Amo-te agora, sempre, perto, ausente, desfigurado e até vencido pelo desagrado da perca.

Conhecedor de mim

Quem se encontraria em alguém
Desdenhando o mecanismo do sentimento que então se resulta?
E deste abrigo que me fizera
Espero-te reduto de outrora perdido...
E neste sorriso que improviso
Recrio o teu... inatingível e conhecedor de mim.
Quem se faria entender
Ao perceber que olhara o mundo ansiando mundos alheios...
Sonhos retalhados sem nexos...
Desenganando o coração quanto ao amor que os condiz?
E deste conciso espairecer
Renuncio-me para que no teu encanto amiúde e estonteante
Eu possa desfrutar da ternura do teu doce sorriso...
Sucinto, mas conhecedor de mim.

A quem espera no amor

Quem vê por mim, decodifica a vaga estrada,
Mas não prevê abismos.
Quem espreita minha metafísica de cabeceira, deslumbra-se sobre as sensações,
Mas não as essencializa sem deturpar os cataclismos do paradoxo existencial.
Nego a compadecência amiga...
Espero um novo desafio, uma porta entreaberta.
O amor desperta quando se afunila as causas e os porquês da supremacia da dor.
Ao reencontrar o coração outrora perdido,
Entende-se que era preciso dar-lhe tempo
Porque os gigantes são carentes demasiados de fraquezas sentimentais.
Um coração surtado enamora os amantes às correntes que os prendem.
Mas um coração liberto ensandece o gerar das lembranças.
Amemos sem mágoas e sem receios, discernindo o sofrimento como um lapidar...
Um lapidar para o completo encaixe à outra metade,
Que certamente se lapida em comum.
Libertemos os corações para que compreendamos que aqueles que os desdenharam,
E que nunca são poucos ou o bastante,
Apenas enalteceram o amor como um bem imprescindível.

(Poesia dedicada a mais uma das desilusões mundanas, infelizmente, como fora amorosa, causara uma dor avassaladora e uma sensação quase inflexível de repúdio)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Poesia e Política II

Liberto-me desse mundo que ostento sobre os ombros,
Das mágoas e lamentações referentes a mim,
Dos sonhos meramente estorvos
Configurados surdos e ensandecidos tão quão sentimentos brandos, pueris...
Deturparam o sentido exato do que falei.
Num mundo onde pervertem princípios,
Adulterar homens é volúpia imutável.
Liberto-me das ilusões de alvedrio anteriores,
Consciencioso e inerte as autoflagelações além corpo.
Aparto os punhos e os regojizo antes elégicos...
Abro os calos do meu calcanhar.

Poesia e Política

Escreverei um dia para um alguém que nunca corresponderá,
Sem sentir-me infeliz ou decepcionado por enxergar enfim aonde chegamos.
E comprovarei a todos que solidão...É apenas a solidão.
Que pior é um coração apático,
Uma mente vazia,
A praxe do egoísmo e da indiferença...
A normalidade da antipatia.
E que somente a poesia para enriquecer nossa pobreza espiritual,
Político-social, e, principalmente, afetiva.
Agora mesmo encontro-me sozinho,
Cansado da inconstância humana,
Guardado,
Ferido,
Recitando em silêncio versos enaltecidos pelo meu coração esperançoso.

sábado, 9 de janeiro de 2010

A nova visão da literatura

Os Movimentos Literários de que temos conhecimento são manifestações sociais, reações absolutas de contentamento ou insatisfação às grandes transformações políticas e econômicas que conseqüentemente mudavam a postura do homem, condicionando-o a acomodação ou a inquietude da sua forma de pensar. Eis a nova visão da literatura, que além de enfatizar a importância da análise do Contexto Histórico para a percepção do processo de retrocesso ou evolução do homem em sociedade, intensifica o estudo da visão de mundo e da exposição da mesma de forma satisfatória ou não quanto ao meio, os fatos, os princípios das gerações. Deve-se observar com criticidade a postura humana, sua manifestação de encontro ao meio em que vive, “ao andar da carruagem”, a forma tosca de imposição de poder e ideologia. Mesmo envolvido por um ambiente sarcástico, alienado, autoritarista, limitado e supérfluo (este último que encontramos hoje ainda) o homem sempre se destacara pela ousadia de enxergar a frente de sua época, uma característica intuitiva, o que percebemos na sensibilidade de Camões ao descrever o futuro grandioso lusitano através das navegações num período ainda de adaptações desse novo sistema, e de Graciliano Ramos quando mostrou ao povo brasileiro, num período pré ditadorial, seus piores anos de abuso de autoridade por parte do exército no personagem Soldado Amarelo do livro Vidas Secas!

Crônica da Poética Urbana II

Pra falar de sentimentos tolos preciso tirar umas cinqüenta toneladas dos ombros. O mundo inteiro eu carrego aqui como um castigo imediato, e acreditem, o peso que sustento remete a leveza do meu espírito. Lembro vagamente do meu corpo jovem, cheirando à fruta doce, cobiçada. Momentos bons, esses, que agridem a sensatez do amadurecimento visível no meu recanto material desgastado e meticuloso. Vinte anos, e a experiência de uma ainda lagarta no casulo. Os meus pensamentos se atravessavam e as ideologias se contradiziam. Eu já não respondia por mim. Essas saudades teimam a afeiçoar-se a uma dor que se descamba para a agonia, indo de um sensorial macabro interno a uma compulsiva angústia física. O céu que pesa nem sempre é nuvem instantânea, às vezes o passado nos oprime, às vezes o coração se flagela, despedaçando o que se construíra sã. Como não acreditar na ilusão, se quando se descobre à natureza dos detalhes se atenta que tudo, sem exceção, se remete a mesma? Procurem encontrar em vocês o que deveras consta, o quanto, se de fato, constatou-se, e, então, constatar-se-ão conclusões próprias.

Crônica da Poética Urbana I

Acordar é resplandecer-se por entre devaneios medonhos. Não cheguei sequer a cochilar, a hipocrisia implícita em cada gesto vã me concede náuseas que ficam a se remexer constantemente. É “assassinante” sentir o vulto deprimente das auto-desilusões. Sentir-se assim é explorar seu sétimo, até oitavo sentido. A cada instante percebo minhas centésimas intenções promíscuas, e chego à conclusão de que se tudo fosse pesado pelos exageros eu teria cada movimento calculado provido de... Quem poderia compreender esse âmbito de indefinições, de desconhecimento, de descomprometi mento? Com que olhos você decodifica o mundo? É hora de partir daqui, dessa nostalgia surgida das minhas costelas, da frieza que abraço, da vida compadecida e que se encurva diante do “homem-bicho” que se procria nesses tempos atrozes, de pura sagacidade e insensibilidade. “Amanhã a Deus pertence”, mas o que ele poderá fazer ao que nada há? Amanhã haverá do amor apenas uma análise fonológica e morfossintática, até mesmo a linguagem dos amantes vive o risco de tornar-se língua morta. Talvez eu lembre que um dia senti-me feliz.Preciso alçar dessa mente embrutecida, largar o cansaço que prendo aos tornozelos e desferir pensamentos bons. Os sonhos acompanham os Lordes do Iluminismo. Fazei do Apocalipse a luz que ilumina um quarto escuro, e eu sou um cômodo, um cárcere, a claridade constrói-se da ânsia de enxergar além dos olhos materiais, a parte mais cega e desprovida de sensibilidade do corpo, que procuro invalidar em mim, ou não torná-la tão importante. Qual a razão do início? Qual o sentido de sentir? O que de fato é belo? Quem não procura ver o que quer? Não temo ser vertente oposta nem cúmplice desse descompasso que chamam de vida. Por isso, agora, me defino como uma semente que irá dar frutos de dúvida quanto a sua existência. Quero que não estranhem a forma que tenho de pronunciar-me quanto a tudo nem a todos.

Disperso nessa Fábrica de Robôs

Busco incessantemente descobrir a natureza das coisas que se configuram imóveis, como uma ampulheta tosca descompromissada com supérfluos conceitos de movimento ou quaisquer resquícios de vida. Não é que eu procure aqui desvendar a substância mórbida da morte, nem a ausência de plenitude que se encontra na tristeza, hora mental, hora física; vivo numa poética que mais é um desejo ardente no encalço da felicidade, que a partir das igualdades sociais, da priorização da educação, da valorização de princípios e virtudes, e da eloqüência sentimental pode-se deixar de ser uma tendência utópica para se tornar fato consumado. Busco, então, conhecer a essência inquieta das minhas emoções, controlar meus ímpetos sentimentais de contentamento e angústia, podendo enfim, como resultado de uma absoluta compreensão própria junto a todo o conhecimento adquirido, construir em mim a mais indestrutível e insaciável faculdade, a sabedoria.